terça-feira, 30 de junho de 2009

Conto de um amor maior [1ª parte]


A penumbra do dia acusava uma chuva repentina. Eram 17h30min, confirmou Marina ao olhar para o relógio suspenso na parede já enrugada pela infiltração de anos. Já era hora, precisava se apressar antes da chuva. Correu até ao quarto, escolheu o casaco marrom esfolado que tanto gostava, guardou o papel amarrotado pela força das mãos que tantas vezes repetiram a ação de segurarem aquele segredo com a descrição de um endereço, até então, desconhecido para ela. Calçou as botas, penteou os cabelos, olhou-se no espelho e confirmou seu aspecto cansado, porém feliz. Notou que as olheiras estavam cada vez mais profundas, marcas de noites mal dormidas, ou até mesmo nem dormidas. Isso não era problema. Ela sentia-se viva, como a muito não sentia.
Bateu a porta com força, e, todas as vezes que fazia isso, franzia a testa, apertava os olhos e exclamava algo para repreender a si mesma. Desceu as escadas correndo, eram três lances apenas, já havia contado os degraus por várias vezes. Ela gostava de fazer isso, era divertido. Ao chegar à rua, deparou-se com uma ventania feroz. As rajadas de vento e o ranger dos galhos estavam lhe causando medo, mas era preciso seguir. Apressou o passo, e, ao mesmo tempo em que olhava para o céu, corria os olhos no relógio de pulso.

Pensou que poderia causar má impressão se chegasse atrasada, e, ansiedade demais se chegasse antes, queria chegar na hora marcada. Apressou-se. A rua estava movimentada, pessoas iam e vinham como sempre, sem olharem umas nas outras, e a ameaça de chuva faziam com que, todos fossem ainda mais egoístas. Finalmente Marina chegou ao local marcado. Uma livraria! Espantou-se, pois jamais imaginava que seria num lugar assim. Ela não sabia como agir, pois no bilhete apenas dizia: “Rua Marchall, 514, entre, e, sente-se ao fundo perto da janela”. E assim, ela fez. O local era extremamente agradável. O cheiro que emanava do folhear dos livros, misturava-se com o apurado frescor dos chás e cafés que eram ali servidos. Recusou por enquanto, a presença de alguém que a atendesse. Estava ansiosa, não conseguiria tomar nada naquele momento.
O horário marcado já havia excedido. Já se arrastavam mais de 20 minutos desde a sua chegada, e nada. Logo pensou que poderia ser uma brincadeira de mau gosto, pois ela tinha o péssimo hábito de acreditar em tudo o que lhe diziam. Olhou para o lado e viu que novamente o atendente pediu que ela solicitasse o que desejaria para tomar. Então, decidiu por café, puro e com pouco açúcar, acompanhado de amanteigados. Marina não se continha em rir de si mesma. Ridículo! Pensou ela diante de todos aqueles fatos. O que seria mais superficial que um aparente sorriso tingido de um amarelo sem graça? Estava ela a espera de nada.

Levantou-se raivosa, balbuciando repreensões a si mesma, quando de repente, vê o atendente vindo em sua direção com o pedido. Decidiu aquietar-se, tomar o café em um só gole e sumir daquele lugar. Olhou para alguns títulos recentes, ali dispostos, e pensou que, senão fosse a raiva que sentia, poderia escolher um livro, com calma. Não fez isso, apenas abaixou a cabeça e repetiu em tom maior: Ridículo! Foi então que, ouve alguém dizer o mesmo. Olha para o lado e vê diante dela, um homem alto, extremamente belo, bem vestido, casaco de cor escura assim como os óculos, que retirou : - Posso me sentar aqui? Sim. Respondeu ela. Sente-se. Eu sou mesmo ridículo, perdoe-me. Disse o homem, com voz macia, ao pegar em sua mão delicadamente, levando-a até a boca para estalar-lhe um beijo. – Perdoe-me senhorita. Marina agonizou algumas palavras saltitadas, mas, fez menção de desculpas, enquanto observava a delicadeza com que ele tocava sua mão e a maneira como erguia os olhos, quando seus lábios faziam o gesto prometido. – Lindos olhos os teus. Disse ele, fitando-a com uma magnitude ímpar. Quem é você? Marina, não resistiu, não se conteve, precisava ter explicações. - Sou eu, sou eu. Somente isso, ele dizia. – O das rosas? Sim, o das rosas. E por que faz isso? Pra que tantos bilhetes? – Calma, eu adoro a tua inquietude. Aquiete-se, irei explicar. Disse ele sorrindo de canto. Antes, permita-me explicar sobre o atraso. Raramente isso acontece, é que, fiz uma encomenda e atrasei-me ao retirá-la. -Uma encomenda? Sim, uma encomenda, especialmente tua. Marina não entendia porque estava ali, diante daquilo tudo, mas envolvia-se em toda aquela situação, deixando-se levar. Era sempre assim.

–Quero que me beije, Marina! Essa foi a frase dita por ele, após retirar do casaco uma pequena caixa, delicada de madeira entalhada que se acomodava no próprio bolso. – Te beijar? Nem o conheço! – E não queres me beijar? Faça isso, faça o que os teus olhos te pedem! Marina calou-se. Ficou olhando sem saber o que dizer. E, de repente, deu-lhe um beijo. Um beijo assustado, contraído. Ela afasta o rosto, e num súbito golpe de mão, sente-se puxada novamente pra junto da boca daquele homem que pedia um beijo de verdade. E se beijaram. Beijaram-se como se há tempos se conhecessem. Queimavam-lhes a face num rubor único, pois os olhos se abriram e se olharam. Aquilo era único. Marina, assim, pensou. Foi quando, ele levantou-se e apenas disse: Toma! A caixa é tua. E partiu. Marina olhava para a caixa e ao mesmo tempo tentava dizer algo, que não sabia o que era, pois só teve tempo de ver aquele homem saindo apressado pela porta a fora, que nada mais disse. Decidiu ver o que tinha na caixa, mas uma vez, um bilhete, neste escrito em versos acompanhados de uma rosa vermelha:

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinícius de Moraes


Continua...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O que é amor?

O amor é grande na simplicidade.
É o detalhe mais percebido,
a premissa da felicidade,
o sonho mais real e sem sentido,
a amizade além da amizade.

O amor é o concerto mais desafinado.
É o silêncio que todos escutam.
A música que te faz dançar mesmo parado.
O desprendido sorriso na madrugada.
A lágrima necessária e boa.


O amor é sempre a resposta mais esperada.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ensina-me

Eu preciso de ti. Estas são as palavras. Toda vez que isso é repetido, eu concentro todo o amor do mundo em meus braços e respondo sorrindo: Estou aqui, cuido de ti. Ela aquieta-se, sorri como uma criança e olha-me nos olhos como quem necessitasse sempre ouvir a mesma coisa, como se fosse sempre a primeira vez. Eu não sabia deixá-la sem entender do meu amor. Dádiva. Minha dádiva. Assim, eu penso. Tu me fazes sorrir heim? Isso é raro sabia? Sim. Ela sabe me fazer sorrir. E vejo nos olhos dela, o quanto precisa ouvir que a amo. O que há então? Por que tantas vezes ela chora? Só eu sei. Ela aprende e me ensina, porque nos amamos e não procuramos razões pra isso, apenas compreendemos. Dou-te o melhor e tu me ofereces o mesmo. Ensina-me. Tantas vezes eu disse: Preciso saber tua opinião, porque tu tens as palavras certas quando preciso saber o que é certo. E tantas vezes ouvi de ti: Preciso aprender a ser alguém melhor. Somos, tu e eu, como pássaros que se perdem às vezes, e voam sem um rumo certo, mas sabem como se encontrarem. Só sei de ti o que sou. Eu sou o que tu me fazes e tu és o melhor de mim. Eu te amo, porque só tu sabes o quanto preciso de um amor como o teu. Eu sei o que é um amor assim, pois aprendemos juntos sobre ele a cada dia. Tu me ensinas, eu te ensino, aprendemos e amamos, para juntos, escrevermos a história de nós dois.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

saudade


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Entrelaços



Entre laços. Entre nós. Laços e abraços.

O amor é um grande e infinito passo.

De amor eu me refaço.

E nos versos eu sigo o teu compasso.

Amor se aprende todo dia, sem cansaço.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Espera-me

Guarda-me um lugar não somente em teu coração. Desligue a TV e ouça-me:

Estou aqui, e não mais do outro lado.

Espera-me!

Contaremos os passos na areia.

E tu não haverás mais de ligar a TV.

E nem sentir frio como o desta noite.

Porque eu serei a tua soma e o teu aconchego mais esperado.

Espera-me... É breve a minha chegada.

Perdoe-me.

A espera é deveras maldita, pode tira-me a razão, mas não o que sinto tanto.

Eu te amo!

Vida

Vida
Há muito o que ser escrito...


A quem siga vivendo de alegria ou agonia... Eu sigo vivendo da minha alegre e agonizante poesia.
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