segunda-feira, 4 de maio de 2009

Andanças



Uma brisa vagueia pela noite e toca-lhe a face enquanto caminhas pela rua.
Somam-se ao os insolúveis suspiros e as lágrimas que escorrem seguidas.
O traçado é visto num desconforme iluminado pelo luzir de uma tímida lua.
E os passos tão calmos não trazem motivos para idas ou vindas.

Uma dor carregada perfura-lhe o peito como espada suja e afiada.
Arrastando-lhe à lembrança mal enterrada, submersa e aparente.
Já não sabe do que são feitas essas horas. Já não sabe de mais nada.
Caminha sem percepções ao som de um melódico ritmo descrente.

Por um instante, rutilam pensamentos que se seguem pela rota estabelecida.
Uma rota sem sentido, guiada apenas pela vontade infinita de amar.
E assim, mesmo sem saber, um exausto coração no peito, faz ainda ter-lhe vida.
E observa que no céu não existe só uma lua, há estrelas. Ainda há.

O coração sabe que em cada deserto de uma alma, há sempre um oásis escondido.
Há uma breve esperança, pois esta dor de agora e como um lago raso.
Que apesar de parecer profundo apenas engana aquele que tem sofrido.
E sofrer é parte disso tudo. Viver já não é meramente um infundo acaso.

O que sustenta é justamente tudo o que se vive. Vive-se a cada dia de esperanças.
E quando do silêncio envolto em trevas, faz ressurgir o brilho tão esperado,
Sorri ao que aquece e passa a entender do que são feitas as andanças.
Há em vida sofrimentos, porém, pior que isso é nunca saber o que é ser amado.



Jacque

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A quem siga vivendo de alegria ou agonia... Eu sigo vivendo da minha alegre e agonizante poesia.
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