domingo, 31 de janeiro de 2010

Entre flores, versos e violinos...


Eu creio na comum divindade entre eu e as flores.
Então, fito-as discretamente e em paz sorrio,
e faço dos constelados do céu meus expectadores,
deixando à eles as verdades nesses versos que eu crio.

Não complico mais as coisas simples de antes,
e meu coração não mais se embriaga.
Não anseio em saber como serão os meus instantes.
preocupo-me agora é com verso que por aqui divaga.

Contemplo minha alma dançar ao tocar de sinos
Adormeço no amor que me vez tudo entender.
Descanso minhas certezas ao som de violinos.
Amanheço como quem acaba de nascer.


*Inspirações vindas de Caeiro e do amor que sinto.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Reflexões sobre o amor II

A vida é mesmo um inesperado de coisas que às vezes não fazem sentido. Tenho observado o que me cerca e notado que muitas vezes, nada do que pensamos fazemos ou sentimos, tem algum significado quando não há a totalidade do entendimento. Eu já acreditei que o amor pudesse curar qualquer coisa, mesmo sabendo que é o tempo que cura tudo e de quê não é o amor que resolve todos os problemas, e sim, a minha vontade e coragem para poder resolvê-los. Acreditei em amores eternos mesmo sabendo que isso jamais seria real, então, cheguei ao ponto de desacreditar em mim.

Enquanto o tempo se encarregava do seu papel, eu ficava a lidar com a ilusória idéia do “amor além de qualquer explicação”, parece frio, eu sei, mas, é o que hoje consigo entender sobre esse sentimento. Muitos podem torcer o nariz para as minhas colocações, dizerem que nunca amei ou que nada entendo de amor, mas, afirmo dentro das minhas convicções: O amor não faz sofrer. Por nenhum momento sofremos por amor. Sofremos por algo não realizado, e o amor não tem nada a ver com isso. Pois bem, o que é o amor então? Com relação a essa pergunta é possível que se encontre as mais diversas respostas.

Cada qual tem o seu conceito, e isso, deve ser respeitado. Hoje, diante do que vivi, alego que nunca em toda a minha vida senti algo tão verdadeiro. Hoje, eu sinto o amor. Eu não dependo mais de outro para assim o sentir. O outro é uma conseqüência disso que sinto. Eu amo o que sou e o que posso fazer alguém ser também, mostrando à ele que amar vai além de qualquer confusão. O amor é tão simples, que muitas vezes, passa despercebido, pois, as pessoas ficam demasiadamente preocupadas de quando será e como será, enquanto o amor pode estar ao seu lado, não sorrindo ou derretendo-se em declarações mirabolantes, mas, apenas segurando a sua mão numa hora triste, dizendo que confie mais em você e que seja feliz da maneira que você é.

Diante de tudo, não fico mais na expectativa de saber o que o “outro” pode estar pensando ou fazendo, agindo assim, eu não sou eu, eu sou o outro. O que gera expectativas em mim é saber que daqui a pouco vou dar um beijo daqueles, vou receber uma ligação inesperada e vou também conversar um assunto interessante, prestar atenção, concordar ou discordar de alguma coisa. O que gera expectativas é essa ânsia em viver o agora. Eu perdi tempo demais acreditando. Hoje, eu quero o hoje, e não o amanhã que eu nem sei como será. Quando se vive um dia de cada vez, aprende-se a observar os detalhes que lá na frente irão preencher as lacunas do entendimento.

Muitos podem pensar que talvez eu não seja feliz, ou até que jamais serei. Só digo uma coisa, só se é feliz quando se agrada e si mesmo, partindo daí, conseguimos agradar aos outros, não por necessidade ou dependência, mas, por ser algo natural e verdadeiro. Eu sou assim, e agrada-me ser como sou. Egoísmo? Sim, tenho certa dose bem equilibrada. Frieza? Não, porque bate no meu peito um coração e sustenta-me uma alma.


*Sobre o texto, quero dizer que, isso é fruto das minhas inquietações frente ao espelho quando converso comigo e só comigo me entendo. Não foi ninguém que me fez enxergar que existia “eu”, mas há alguém me fez enxergar que o amor só existe se for real.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meu bem você me dá... Água na boca...

Dá-me um beijo!
Assim, desses que começam devagar...
Dá-me um beijo desses que arrepiam.
Olhe-me nos olhos quando assim fizer.
Deixe-me sentir o teu cheiro ao respirar.
Fale ao meu ouvido tudo aquilo que quiser.
Abrace-me com intenso desejo.
Fique comigo mais do que puder.
Peça-me mais que um beijo.
Esteja comigo na fria noite.
Vamos olhar a vida acontecer devagar,
deixar que a paixão de leve nos açoite,
e nossos corpos se entreguem ao prazer de amar.






*Coisas da paixão...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Estranheza poética

Redemoinha o pensamento em desengano.
É preciso cautela quando penso.
Há um mistério em mim e em todos que conheço.
Caminho junto ao ingênuo e o profano.
Guardo uma significação que nem sei.
Quando se é poeta, inventa.
E eu já inventei.
Saber e não saber já não me importa.
Sabes tu, dos outros?
Sabes de ti?
Toca-te a largueza do vento ou a leve brisa?
Sabes quais frutos cultivas o teu coração?
Não me agrada quando penso.
Minha alma se consome em alvoroço.
Quem pensa e sente em demasia,
Estranha-se.
Pudera eu deixar de lado a confusão.
Pudera eu de fato entender do que não sei.
Não sei se estou agora na lipotimia dos sentimentos
ou, na veracidade absoluta da razão.

*Entender é trancar-se dentro da palavra.






segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Luz cativa

O pátrio sol que finda a noite longa e fria,
traz o renovado da esperança nunca abandonada.
E na virgem folha branca é impressa a poesia,
das inspirações de mais uma alvorada.

Ao dia, abro as janelas da minha alma ao infinito.
Aos sonhos, pondero não mais em sigilo absoluto.
Ao amor, escrevo de mim o que é mais bonito.
Aos versos, entrego-me e nem mais reluto.

Minha vida é feita de tais propósitos que nem sei.
Nem me aflige saber o que será. Apenas vivo.
E às angústias breves que um dia me entreguei,
digo que agora sou somente essa luz eu cativo.



Onde o amor se guarda

De novo, estamos em nosso mundo,
feito das cores que nós escolhemos.
As nossas canções estão tocando
e o vento anuncia uma chuva nova, calma e serena.
Contemplamos os pingos beijarem a terra, dando-lhe vida.
As flores se chocam, balançadas pelo vento harmonioso
que se expande por entre as árvores lavando as folhas,
e recobrindo-as de brilho. Tudo se renova.
Mais uma vez te beijo, toco seu rosto e agradeço por tê-lo junto de mim.
Eu sei o quanto será complicado,
mas, quando estou aqui diante de você, estou diante de mim.
Encontro meu “eu” que tantas vezes, saiu por aí
à procura de amores que me fizeram
enxergar que o Amor, não vaga à solta e sem rumo...
O amor está guardado onde menos esperamos:
Na chuva boa.
No dia novo.
Na flor pequena
No sorriso à toa
No abraço de saudade
No vento que soa
No gesto de bondade
No carinho sincero
No beijo roubado.
Em você que eu quero
e sempre tenho ao meu lado.

sábado, 23 de janeiro de 2010

A rima e eu


Eu sou uma abstração que ao meio se partiu.
Lembro-me das coisas que sucederam,
e o pensamento em verso, flui sinuoso como um rio.

Lembro-me do que fui e o que agora sou.
Correspondo comigo na poesia,
e encontro-me na rima que faltou.





quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O simples da vida

Almas vazias.
Barcos abandonados.
Corações calados.
Onde o humano se perdeu?
As ruas estão cheias de rostos iguais.
Tudo parece ermo e vago.
Tênue e longe.
Todos caminham como se sentissem sono.
Carregam uma alheia mágoa.
Inclinam-se a haste da tristeza.
Arrastam correntes enferrujadas.
Do meu lado a eterna angústia da revolta.
Às vezes não me entendo comigo.
Tivesse eu a dosagem certa,
do remédio que curaria todas as dores.
Mas, sou poeta que admira o vento.
O dobrado das folhas douradas do trigo.
As cicatrizes dos antigos arvoredos.
As libélulas soltas nas superfícies dos lagos.
As crianças que ainda brincam descalças.
Os velhos que contam as mesmas histórias.
A chuva que beija a terra tranquila.
O sol que é comum e bom, todos os dias.
E nessa minha poesia, regada do simples,
meus olhos enxergam a grandeza de tudo
nesses pequenos acontecimentos de vida.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Coragem

Acorda-te, já se vão às horas! Debruça teu leito sobre as agruras que sentes, quem sabe assim, na amplidão das tuas dores, faça-te entender do que é feita esta tua tristeza. É doce viver mesmo chorando, há quem diga que a alma faz-se pura, mas não anules tu, o sorriso que fortalece. O medo, teu carrasco imprudente, sabe de tuas angústias, e ousa ser mais que ti, pois tua inconstância permite cravar-te ao peito a fraqueza. Levanta-te! Vês!? Aqueles pássaros? Estão acima de ti, não porque voam alto, além das montanhas, mas porque encontram coragem para isso. Vá! Toma-te a mão esta lança de prata, arremessa ao infortúnio desgaste da tristeza e acabe de vez com as dores de outrora. Abra a janela! Esqueça o tempo! Viva o que te espera!


* Esse texto é um grito de coragem aos que se sentem às vezes, desprovidos de forças. Vamos! Porque viver é o que há de mais precioso!

Gostoso demais!

Ah! Que música mais fofa, gente!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Do que aprendi com você


Sabe esses momentos em que se vivenciam certezas? Pois é, eu nunca imaginei ser tão simples assim. Você me ensinou a brincar com o tempo. Disse-me que nada importa mais do que o querer estar bem, mesmo diante de tantas adversidades, desilusões e dúvidas. Mesmo frente à rotina massacrante da solidão, você me ensinou a conviver comigo de forma harmoniosa. Aprendi que viver não é preocupar-se no que possa acontecer daqui alguns anos e sim o que acontece nesse momento em nosso coração e ao nosso redor. Você me ensinou a ser egoísta na medida certa, hoje penso mais em mim e gosto do que sou. Agrada-me.

Aprendi a esperar o tempo correto e saber escolher o que meu coração queria. Eu escolhi você. Diante de tudo o que acreditei ser verdade um dia, nada foi mais sincero do que o simples gesto que fez quando estivemos juntos da última vez. Você segurou em meu rosto, me olhou nos olhos e disse da forma mais verdadeira que há: “Nunca deixe de ser você. Fique bem que eu irei ficar também.” Você é sensato, inteligente e calmo. Sua alma é justa e me acolheu de braços abertos. Você me entendeu exatamente como sou. Segurou a minha mão e me fez ver que existia ali, não só um homem apaixonado, mas, um companheiro a fim de caminhar junto nessas estradas incertas da vida.

Diz-me como posso não morrer de saudades? Como posso não lembrar o seu sorriso, que pra mim, é a obra prima que meus olhos aprenderam a cativar, cuidar e amar? Eu já não posso, mesmo que eu queira como eu disse um dia para me afastar, porque não me julgava saber das coisas do amor, porque havia me enganado com relação aos sentimentos. Hoje, vejo que cicatrizes se fazem à medida que queremos e não uma vida toda.

Eu sei que está tudo bem contigo, porque eu estou bem agora.

Deixemos a vida seguir o curso, daqui a pouco você irá chegar.



Entre erros, versos e acertos


Derruba o vento uma pálida pétala já doente,
E eu acompanho com os olhos sua triste morte.
O gélido ar sufoca os que por ali passam.
Que sem saberem caminham sem norte.

E através do nevoeiro, vejo o que fui eu.

Sou todos que por aqui caminham.
Vejo-me em cada um agora, temo, mas não recaio.
Enxergo as cores que são rubras de receio.
Assim, como a minha face.

Existe agora um infinito amarelado nos céus.
E raios de sol cortam as árvores de rara beleza.
E pequenas flores violetas chocam-se umas nas outras
Paro, e por um instante, revivo minha estranheza.

Ao caminhar por aqui, vejo que sou os outros e não eu.

Sonhei-me. Assim eu era. Um sonho leve como bruma.
Foi um desconcerto de minha alma, e não meu.
Já decorei esse caminho, e o passado já não existe.
Enterro todas as coisas que morreram.

Só não sei dizer se posso, enterrar o que resiste.
Então sonho. Viajo além daquela velha estrada.
E nesse meu sonhar, não há espaço para ausências.
Sobrevivo a cada parada no caminho.

Penso no que não sei de mim.
Minha vida é um acerto em desalinho.
Meu coração, um mar que não tem fim.

Deixo-me estar aqui, entre todos e nenhum.

E sigo, enquanto a alma se ajeita
e minha vida em versos é refeita.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Mudar ou melhorar?

Devemos repetir sempre: “Tenho que melhorar completamente; desde as raízes do meu ser. Mudar, não é da natureza". Somos criados em essência, e essências não mudam, melhoram. Já sentistes as melhores fragrâncias? Pensas que as essências são agradáveis? Não, muitas jamais agradariam, mas, ainda sim, são essências, e foram “melhoradas” e ganharam um novo sentido. Ganharam nova vida. Somos dependentes, eternos dependentes. Não podemos depender das tradições, porque elas criam a indolência, aceitação e a obediência, não podemos contar com os outros para que melhoremos, mas à eles devemos ser gratos todos os dias, por usarem de qualquer palavra amiga que nos faça despertar-nos para o que somos. O que acontece então? Qual a razão de tamanho vazio? Quais as causas? O que nos faz sofrer?

A principal causa dos nossos sofrimentos são os medos. Eles não só nos apavoram friamente. Eles nos privam de qualquer vontade maior, qualquer fé, esperança... O medo nos cega, derruba e nos enterra. Digamos que tivemos ontem, uma experiência que nos ensinou algo ruim ou bom, não importa. Retiramos o ensinamento, o levamos conosco, eis, então, os pilares para as melhoras. Mas, muitos de nós, vivemos do que morreu. O passado não existe. O grande mal do ser humano é não compreender o movimento vivo e a beleza da natureza desse movimento. E não compreendo isso, morre. Morre sobre a vida, porque se questiona sobre o ontem, alegando mais erros que acertos e mais tristezas que alegrias. Devemos morrer sobre as coisas de ontem, só nesse estado é que se aprende e observa.

Para tanto, requer-se grande capacidade de percebimento, de real percebimento do que se está passando no interior de nós mesmos, sem corrigir o que vemos, nem dizer, o que deveria ou não deveria ser. Vamos pois, investigar juntos à nós mesmos. Vamos fazer juntos uma viagem, uma viagem de exploração dos mais secretos recessos de nossa mente. Para realizar essa viagem, precisamos estar livres; não podemos transportar uma carga de opiniões, preconceitos e conclusões - todos os trastes imprestáveis que juntamos no curso dos últimos anos. Devemos esquecer-nos de tudo, que sabemos a respeito de nós, vamos começar o hoje, pois o agora pouco, já morreu. “E me dirás: “Não é fácil” e, lhe responderei:” É mais difícil do que tu pensas”.

O que devemos fazer então? Só há um caminho, e todos nós sabemos, apenas, não aceitamos como deve ser aceito. Passemos a observar então, o que já morreu, como o fim de uma chuva, por exemplo. Ela acaba-se na terra, para que dela brote a vida. A noite passada choveu torrencialmente e agora o céu está começando a limpar-se; é um dia novo, fresco. Encontremo-nos com este dia novo como se fosse nosso único dia. Iniciemos juntos a jornada, deixando para trás todas as lembranças de ontem, e comecemos a compreender-nos pela primeira vez. Cada amanhecer é sempre a primeira vez. . Somos livres, e por sermos livres, devemos “agir”. Essa é a palavra. Conseguinte, não há medo, e a mente sem medo é capaz de infinito amor. E o amor pode fazer tudo o que quiser. Seja amor, permita-se ao amor. Viva o amor real.

Só o amor tudo vence.
Só Deus tudo sabe.
* Eu publiquei esse texto há algum tempo, achei que deveria fazer isso novamente. É uma visão minha do que diz respeito a nos conhecermos de fato.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Segue a vida cega

Possas tu, perceber da doçura em meio aos sofrimentos,
mesmo que desfaleçam todas as bonitas flores,
postas ainda entre destroços e lamentos.

Há uma imagem viva de olhos fulminados.
Onde se fartam os sofrimentos?
Nos olhos que por amor foram desenganados?

Nem sempre.

Muito se sofre por coisas as quais se renega.
Segue a poesia...
Segue a vida cega.




* Se a poesia pudesse aplacar as dores, eu escreveria mil versos desesperados, para que deles, a paz resurgisse e confortasse o coração dos que sofrem.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Andanças

Uma leve brisa beija-lhe a face
enquanto conta os passos pela estrada.
Somam-se ao os insolúveis suspiros
e as lágrimas que escorrem seguidas.
O traçado é visto num desconforme
iluminado pelo cair da alvorada.
E os passos tão calmos não trazem
motivos para idas ou vindas.

Uma dor carregada perfura-lhe o peito
como espada suja e afiada.
Arrastando-lhe à lembrança mal enterrada,
submersa e aparente.
Já não sabe do que são feitas essas horas.
Já não sabe de mais nada.
Caminha sem percepções ao som
de um melódico ritmo descrente.

Rutilam pensamentos que se seguem
pela rota estabelecida.
Uma rota sem sentido,
guiada apenas pela vontade infinita de amar.
E mesmo sem saber, um exausto coração no peito,
faz ainda ter-lhe vida.
Cai à noite, e no céu, além de uma lua,
vê que há estrelas. Ainda há.

O coração sabe que em cada deserto de uma alma,
há um oásis escondido.
Existe uma breve esperança,
pois essa dor de agora é como um lago raso.
Que apesar de parecer profundo
apenas engana aquele que tem sofrido.
E sofrer é parte disso tudo.
Viver já não é meramente um infundo acaso.

O que sustenta é justamente tudo o que se vive:
os sopros de esperanças.
E quando do silêncio envolto em trevas,
faz ressurgir o brilho tão esperado.
Sorri ao que aquece e passa a entender
do que são feitas as andanças:
Há em vida sofrimentos,
mas, o amor, jamais se faz de desacreditado.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eros e Psique [releitura]

Releitura feita por mim do poema "Eros e Psique" de Fernando Pessoa.



Conta a lenda que vivia uma princesa
que não dormia de tanto desencanto,
pois pediu ao infante que se dizia apaixonado,
que desafiasse qualquer caminho,
só para que pudesse tê-la ao seu lado.

Ele mil promessas fez diante do bem e do mal.
Ela acreditou e esperou por cada madrugada,
mas, o infante ao longe nem dava um sinal.
A princesa então seguiu o caminho errado,
escolheu não mais viver esperando,
e a torre em que vivera, para trás havia ficado,
e pela estrada decidiu seguir amando.

Pensou que pelo caminho o infante encontrasse,
mas, a cada curva percorrida da estrada,
sentiu que mesmo se em desespero ela gritasse,
Seguiria ainda sozinha e desamparada.

Foi então que a princesa, enfim, percebeu,
que o amor não se forja em promessas,
e nem se engana por algo que nem aconteceu.

********************************************************************
Poema original:

Eros e Psique - Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Confissões de um poeta


Eu não sei caminhar junto à sanidade,vezes, rogada em desespero.
Eu tenho cicatrizes na alma e um coração que ama e odeia.
Eu pequei quando disse da quietude que eu não sou.
Meu crime jamais terá perdão, pois vivo disso e nada será diferente.
A minha paz repentina me distrai.
Meu desespero acalma-me sempre que preciso.
Do alto, vejo as candeias luminosas que me guiam.
Eu sou esse sopro do vento contrário das horas frias.
Eu sou a alegria estampada num rosto que não sorri.
Não sei quem sou e me conheço muito para afirmar isso.
Contraditória alma minha, por que me minto?
Não vês que eu só vivo a escrever de ti o que eu sinto?
Por que ainda sinto em desespero uma falta que não me falta?
Os versos, os livros e as rosas... Onde estão guardados?
Eu preciso apiedar-me de sossego e escrever sobre tudo isso.
Oh! Deus, tu que me fizestes assim, soubeste certamente o que fazias.
Resta-me sentar nas escadas que dão aos céus.
Porque o inferno eu já conheço de passagem.
Restam-me novamente clamores de paz pra que tu ouças.
Eu não tenho cura, mas tenho tratamento.
Queria eu não ser feita de sentimentos tantos.
Eu choro em meio a risos e risos são meus prantos.
Eu sou poeta e sofro das minhas quietas intranquilidades.
Eu sou poeta e vivo tão somente de versos, mentiras e verdades.



* Queridos amigos, isso tudo é fruto do desespero de quem escreve.

Eu: pq as coisas não são como queremos?
Ele: para valerem à pena.

Dessa vez eu mereço. Eu preciso aprender a ponderar a inquietação que me consome. Sem alarde, sem promessas... Estou mal acostumada, babe. Preciso da paz que envolve seus olhos, do sossego que seus braços me trazem. Eu preciso do que há de melhor em nós. Não está sendo fácil, mesmo eu sabendo que realmente não seria. Isso ainda não atenua meus pensamentos de saudade. Vamos pacientemente saber de tudo o que somos. Fico a ouvir as canções, a traçar os versos dessa minha poesia que trago à tona aos seus olhos, para que você saiba que sou todo esse sentimento.

Não deixe meus extremos te assustarem, não fuja de mim que sou assim. Faça como tem feito, seja a minha paz de sempre, minha rota estabelecia e minha sensatez que eu nunca tive. Dá-me a razão de ser tranqüila e serena. E dou a você o que tanto te encanta: a minha necessidade de cuidar e viver somente para te fazer sorrir e te amar, só pra te ver pedir um abraço quando o mundo parecer tão estranho. Eu quero sempre que me digas que sou sua loucura moderada e sua necessidade de vida.
Irá valer à pena, eu sei. Tudo sempre vale.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ímpeto de paz

Entre o sono e a vigília deixo as palavras verdadeiras,
onde em sonho algemo meus vagos propósitos de antes,
e em realidade desprendo-me das coisas costumeiras,
para seguir vivendo do entorpecer dos meus instantes.

O tempo que agora enxergo não é mais longe ou perto.
É um tempo meu essencial a iludir-me como quero.
E nessa andança orquestrada pelo ritmo certo,
traço os verso que em mim é o que há de mais sincero.

Vivo em vida de verdade, longe da confusão quieta
e dos dias onde imperava a exausta morbidez.
E a agonia antes compulsiva, das amarras se liberta,
para seguir retomando a paz que um dia se desfez.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Destoado coração

Frágil coração desatado compasso que te tocas.
Do fim, do meio e começo meio torto,
tu carregas tanto, e o tanto te sufoca,
mas não serás de mim a pena de um morto.

Tu és coração altivo tanto fácil desgarrado.
Nobre companheiro, velhaco amigo.
E nesse pobre peito apaixonado,
chora e sorri, mesmo que de castigo.

Onde fostes àquelas horas quando do meu peito tu fugias?
Responde assim, um coração não entendido:
-Batia as portas do desespero, subia aos céus das alegrias,
seguia aos amores que eu tenho, amava mesmo que ferido.

Vivente pulsa o sangue vida em minhas veias.
Sopro de saudade que soa ao passar de cada hora.
Amarrado, seguro e preso na paixão de tuas teias,
sou alegre alma que vaga pelos dias de agora.

Tenho, porque tenho coração, doce manto de carmim.
E aqui esquerdo, cheio do sentimento meu,
faz-se de versos para dizer o melhor que sou de mim,
e que mesmo destoado, vive e espera pelo amor que se perdeu.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Percepções

Ai de mim que penso tanto!
Penso nos deslizes que cometi.
E nada mais fiz pra satisfazer meus acertos.
Não sou mais àquela que usa desculpas,
nem mesmo quero ser igual a tantas outras.
Sou essa febre, essa doença sem causa.
Já não posso querer ser o que nunca fui.
Apenas quero amar demasiadamente.
E isso, nunca muda, sempre será igual.
Já não agonizo no chão gelado,
nem morro da noite para o dia,
mas, ainda fico na janela...
Ainda espero... Como quem espera chuva,
dia de debutar, ou até mesmo uma viagem...
Guardo um livro secreto dentro de mim.
Aprendo sobre pessoas, perigos e possibilidades.
Tenho a vastidão de um canto de quarto,
e um pequeno aparato em minhas mãos.
E nessas horas em que me encontro de fato,
deparo-me com meu jeito estranho e abstrato.
Quero apenas sentir mil vezes o que é ser amada.
Porque sou uma menina que acredita em sonhos,
e sou uma mulher que sonha acordada.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

À minha alma desprovida de sossego [soneto]

Eu estou imensamente em paz comigo, e quero acrescentar um bônus à esta postagem. Me enviaram essa música, não pude deixar de pensar imediatamente que ela tem tudo a ver com o soneto. Ouçam isso! Dividam comigo essa paz. É, eu ainda acredito... Não há como fugir disso. Que bom que você existe!




Diante à vaga sombra do esquecimento jaz a minha crença.
Escrevo em páginas desgastadas os últimos versos dolorosos.
Os meus olhos já não se abraseiam diante a indiferença.
Minhas mãos já não se ferem ao colherem os cardos espinhosos.

O que há? Regressei à melancolia ditosa dos dias que sofri?
Perdão, senhor meu Deus, são apenas uns alaridos de sufoco!
Devo rasgá-los na escrita, só assim, me livro de tudo que senti,
e volto à tristeza para resgatar a alegria ainda que um pouco.

Sou um pouco de qualquer uma de mim, e isso me agrada.
Sou uma estrela solitária que reluz sobre a face de um lago.
Sou um beija-flor que rufla sorrateiro pela acácia delicada.

De dores maiores minha alma sobrevive sem lamento.
Não foram cortes de faca suja nem chicotadas de penitência,
foram mentiras, que agora, beiram o abismo do esquecimento.




* À ti, alma inquieta que salva-se somente na escrita.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Um verso e nada mais


Olho tudo ao meu redor com olhos já quietos,
desde o pequeno jasmim singelo e perfumado
ao sorriso forçado dos que são ainda desafetos.

Ecoa um silêncio das profundezas do que sou
e um rastro fulvo ainda me arde os sentidos:
Em que momento minha alma se fartou?

De tanto divagar releio minhas inquietações,
Antes endurecia de tédios tão vazios e iguais.
Hoje, diante da profundura das minhas sensações
sou um verso novo de poema e nada mais.


***


À Mário Sá Carneiro

Sintomas de saudade

Hoje olhei a foto que você me deixou de recordação. Eu sei, o tempo é pouco, mas pra mim uma eternidade se arrasta, porque cada segundo que espero é vivido de maneira intensa. Não consigo deixar de pensar no seu sorriso, suas mãos, seu jeito... Não consigo parar de pensar em você. Aquele dia que você olhou em meus olhos, me abraçou e disse ao meu ouvido que nós dois vibrávamos em uma mesma freqüência, me fez entender o porquê tantas vezes me olhava de longe como quem vigia algo precioso demais. Você cuidou de mim como quem cuida de uma flor maltratada pela falta de carinho. Deu-me vida nova, esperança e uma felicidade que me encheu a alma de forma simples. Você me fez enxergar o amor de forma serena. Você trouxe paz à minha vida. E mesmo agora trazendo uma saudade em meu peito, me faz sentir o quanto é bom saber que alguém se importa comigo de verdade. Irei te esperar como quem espera a certeza da felicidade.

Estou com saudades e só sei escrever sobre isso.


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Beija eu

Outrora minha alma de afagos viu-se inebriada,
onde em sonho toquei-te o corpo sedento de vontade,
e na paz descansei minha aflição exagerada.

Na impaciência perseguidora daqueles que desejam,
revivo desses meus febris pensamentos avassaladores,
porque em verdade quando duas bocas se beijam,
simplesmente se entregam ao prazer de seus amores.






Soneto da espera


Aquilo que não possuo ainda
como o doce beijo da tua boca,
faz de mim uma vontade que nunca finda,
e que já não posso negar ser pouca.

Essa boca que ressequida espera
um beijo teu como bálsamo sagrado,
Ainda vive da doce quimera
de somente um abraço apertado.

Um abraço e um adeus que foi dito
numa hora tardia onde tudo foi sincero,
e que deixou em meu peito o que agora acredito.

Como pude em hora derradeira duvidar?
Só sei que já não posso crer que não sejas tu,
que irá valer cada segundo que hei de esperar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Livro da estante


Alonga-se a paz nos ermos.

Ah! Que ninguém duvide dessa calma estranha.
Foram os meus sonhos ideais venturas.
Foram os meus versos minha dor tamanha.
Foram os meus dias instantes de loucura.

Desgasta alma minha nessa escrita nua!
Faz-me ver os flóreos arvoredos lá de fora.
Arranca tua palavra em carne crua,
pra que eu diga em clemência o que me devora.

Me devora essa inquietude mal esculpida,
Jamais ausente desse peito sufocado,
eu tenho a acidez e a doçura de uma vida.
Eu tenho esse verso desentendido e mal traçado.
E ergue-se meu grito em extremo pranto ou sorriso.
Pra que eu mesma entregue aos dias meu sustento.
Posso viver tranqüila no inferno e infeliz no paraíso,
pois, escolho meus dias de felicidade ou lamento.

Sofrendo de saudade, alegria, insulto ou tristeza.
Eu tenho um turbilhão de sentimentos a todo instante.
Eu sou um nada que tudo tem em maior grandeza,
eu sou um verso de amor guardado naquele livro da estante.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A palavra que teima



A palavra teima em dominar minhas mãos fazendo delas minha razão de tamanha necessidade: a escrita. Desnorteia minhas traçadas linhas a fim de registrar o que meu peito somente sente. Eu pulso junto as tuas febris revelações, seja em verso ou prosa. Eu sou escrava dos teus anseios quando a mim domina por qualquer razão que seja. Eu sou este desgastante ruído ao qual a caneta se entrega quando meu peito em agonia deseja fazê-las livres de mim. À palavra que teima em jogar-me ao clarão das verdades quando muitas vezes no escuro eu quis ficar alheia. Deixo minhas constatações certas ou erradas, mas verdadeiras, sejam elas insignificantes aos olhos de quem menospreza o que a escrita traz da alma ou até mesmo os que leem sem achar sentido algum. Eu teimo em coisas ainda a mim tão vívidas, assim como teimo em fazer os versos das verdades que me vieram abraçadas a rosas repletas de espinhos. Eu não sei engaiolar meus anseios quando eles me sufocam o peito a procura de respostas.
Eu teimo junto à escrita fazendo dela minha força necessária, meu mundo paralelo e minha fuga. Eu não sei abandonar as rimas, mas sei abandonar qualquer palavra antiga. Eu não escrevo como quem cospe no papel. Eu apenas deixo as palavras me levarem como folha desprendida solta pelo vento. Eu amo à minha maneira, seja ela breve ou nova. Eu não sei não viver sem sentimentos, entregas ou necessidades. O meu sangue ferve como a letra que queima o papel seja de ódio ou qualquer sentimento bonito. Eu nunca disse “eu te amo” em vão e nem amarrei declarações em versos falsos. Eu amei e amo mil vezes se for preciso, porque eu sou sentimento e verdade. Eu posso ter no peito um coração estilhaçado e ferido, mas ainda tenho o que mais me interessa: Amor próprio, sentimentos válidos e poesia.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Uma saudade, uma canção...

"Que bom que nos encontramos; você é aquele detalhe que faz valer a pena todo o resto; é o segundo de coragem que me fez ver o infinito, compreender o verdadeiro sentido do belo..."
Quando isso é dito de forma verdadeira, não há como duvidar dos sentimentos sinceros, esses, vindo do coração, que ao olharmos nos olhos de quem diz, enxergamos a mais pura verdade. Eu encontro em seus olhos todas as verdades que sempre procurei. Isso que sinto agora, me faz entender os tantos desentendidos aos quais me fizeram perdida. Você tinha razão, eu iria sentir demais a sua falta. Que bom que ouço a sua voz me dizendo coisas bonitas. Eu vou te esperar como eu já disse, porque eu sei que essa espera vai realmente vale a pena.


A canção que me faz só pensar em você...


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Rosas novas esperadas

Vejo em suave alvura desprenderem-se as plumas.
E a delicada flor de bom grado, deixa-se levar pelo vento.
Uma rosa, assim era, entre outras entre umas.

Trago nas mãos as rosas novas esperadas.
O sorriso fácil e os sentimentos leves.
E aos versos entrego minhas verdades declaradas.

Os dias movimentam-se como as flores que se vão,
que logo ressurgem em breve, mas, doce prazo.
Agora a calmaria habita o inconstante coração,
onde o amor verdadeiro nunca chega com atraso.

Vida

Vida
Há muito o que ser escrito...


A quem siga vivendo de alegria ou agonia... Eu sigo vivendo da minha alegre e agonizante poesia.
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