sábado, 15 de maio de 2010

Já-c-quê?...


Já que veio o sol... E o sol veio! E é outro dia a fluir, tão natural quanto os gestos dela; dela vamos falar. E já que me dei ao mister de dela falar, deixarei que ela, por si só, fale através da ponta do lápis que lambe o papel.

Jacque é criatura distinta, tem olhos vivos, ligeiros e incertos; parece-me que busca o que os sentidos não sentem. Ela fala, move-se, volve tronco de cinta, desloca o nexo do léxico, e passa o seu recado. Tal qual isótopo em radiação, irradia a multiplicidade do seu ser num composto resumido de voz, destoante de palavra, mas em total consonância com a ideia: nisso, ela é a mais feminina das mulheres!

Já que estamos falando, que o façamos sem censura. Ela odeia amar, ou, antes, ama odiar. Bebe sua beberagem de café pelo mal que o bendito cito líquido ao seu bem lhe faz. Vinga-se do mundo consumindo porcarias para exalar perfumes.

Ela é doida. E nisso reside sua sanidade. No mundo do plágio, regido pela lei do não esforço, ela é autêntica. Já ouvi dizerem que é doida. Mas isso não conta. Quem proferiu tal diagnóstico é paciente de imenso manicômio, denominado comodidade. Só as mais poderosas mentes pulam os muros desse hospício. E, já que Jacque pulou, pois vê do outro lado da redoma, onde o horizonte é mais largo e múltiplo, melhor a loucura (livre-mente) dela.

Mas eu entendo os que a censuram. Jacque confunde, já que Jacque fala o que pensa, penso que a maioria fala sem pensar, ou então Jacque tem pensar superior, o que é pensamento pequeno, já que Jacque pensa como todas as poucas mentes nuas com as quais me dei em prosa em alcova qualquer alugada a momento de prazer. A grande diferença é que ela não teme seu próprio pensar.

Quer saber?! Se um dia com Jacque cruzar, em algum caminho macio ou crespo da vida, deixe-a te confundir, elucidar, emudecer, ouvir. Deixe-a te curar da loucura que é a sanidade do mundo “normal”. E, observe. Pode ser que você presencie um momento mágico, no qual ela olha para um lado, vê o ângulo oposto, discute com um objeto, enquanto responde a pergunta de algum circunstante, contempla o nada, e vê o todo e, finalmente, de uma chispa que lhe reluz na retina, a vida nova lhe brota, e você então presenciará o nascimento de uma poesia.
I.

4 comentários:

  1. Que isso!!!
    Menina, que inspiração, que texto brilhante!
    Adorei mesmo!
    bjão!

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  2. Que lindo! Deve haver aí neste teu peito um mega orgulho deste texto, não é Jacque?! Palavras tão doces e intensas, mais que merecidas, tenho certeza!

    Abraço, linda Jacque.

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  3. Athila,


    Realmente, há muita inspiração aí, rs!

    O texto não é meu e sim pra mim.

    Eu amo esse texto.

    Um beijo, seja bem vindo!

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  4. Angel,

    Quando li esse texto a primeira vez, senti como se alguém tivesse lido a minha alma. E foi isso que aconteceu, minha alma está aí descrita, de maneira simples. Sinto sim um orgulho enorme desse texto e mais ainda de quem o escreveu.

    É tão bom isso, sinto-me feliz demais.

    Um beijo, minha linda! E,obrigada pelo carinho de sempre.

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A quem siga vivendo de alegria ou agonia... Eu sigo vivendo da minha alegre e agonizante poesia.
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