
O aroma exalado na hora de sempre, faz-me imaginar cada detalhe do morador ao lado que rotineiramente segue o rito de sentar-se à mesa, para tomar café sozinho. Por certo, meus pensamentos chegavam desse modo, porque minha ação daquela hora era sempre a mesma. Às 17h15min, eu já havia fechado a porta e estava na cozinha olhando as bolhas saltarem aflitas na chaleira, a espera de serem beijadas pelas folhas de chá organizadas em minha caixa de madeira rústica. Minha solidão jogava-me ao sofá onde de olhos contraídos e xícara na mão eu deixo-me envolver em devaneios: - Eu poderia dividir meu chá e uma conversa boa.
Pensei diversas vezes em bater na porta ao lado e fazer tal convite. Poderia ser atrevimento, mas, olhar de novo aqueles olhos seria a mim um agrado. Aquieto-me e o chá desce quente enquanto o aroma invade minhas narinas deixando-me ainda mais desejosa de uma companhia agradável. Sorrio, apenas sorrio. Nada mais devo fazer, pois se eu render-me aos meus insensatos pensamentos, usarei à velha desculpa de pedir uma xícara de açúcar. Comprei esse ingrediente justamente pra isso! Em meio aos risos, ouço baterem a porta, isso é uma surpresa a mim nesse horário: - Oi vizinha, podes me empresar uma xícara com açúcar? Não pude acreditar no que via e também não pude deixar de sentir-me atraída por aqueles olhos incríveis. -Tenho sim, já lhe trago. Viro as costas e nem percebo a falta de compostura de minha parte, não fiz convite para entrar, isso me faz franzir a testa e pensar no quando sou descuidada.
Ajeito a xícara com o açúcar e trago junto um sorriso que é para desfazer o mal feito:- Desculpe-me, nem o convidei para entrar... De repente, sou interrompida com um quedar de cabeça em sinal de apreço: - Não se preocupe, quando eu vier devolver a xícara, aceito o convite, obrigado. Eu não digo mais nada, apenas encanto-me quando ele gentilmente beija a minha mão e despede-se. Fecho a porta, sento-me novamente e digo pra mim mesma: - Ele levou uma das minhas xícaras prediletas e eu nem uso açúcar. Sorrio. O chá está já frio, acrescento mais algumas folhas e água quente e retomo meus pensamentos. Já não há como fugir deles nesse momento.
Continua...
Vim agradecer pela presença em meu blog, Jacque. Gostei de tua casa. Que façamos uma bonita amizade entre versos e palavras.
ResponderExcluirContinuemos...