quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lua


Sinto o cheiro das flores de cidra cerceando-me enquanto o crepúsculo atormenta.
Funde-se em tons grenás o céu e a nuvens que não desenham, apenas mentem.
Santifico-me diante dessas formas que aos meus olhos beleza maior não salienta.
Quedam-se as flores. Regressam os pássaros. Sofrem os poetas que tudo sentem.

Faço paragem nestas linhas sinuosas que se encontram para que a noite nasça.
E o salpicar de estrelas anuncia que de trevas não sucumbirei por hoje somente.
Brilha assustada uma meia lua à espera dos olhos de alguém, que distante a refaça.
Estou a completar-te lua minha. Toma-te por parte este peito tão clemente.

Incorpora-me nesta tua solidão de agora tão perfeitamente bela e invejada.
Somos duas, a procura de um céu maior, não só do candeio de estrelas tantas,
mas da necessidade que temos de um amor que nunca faz sua chegada.
Cai o frio sobre nós. Lua nua de saudade, por que a muitos tu encantas?

Tu não és sozinha, lua minha, ao teu luzir único e solitário, muitos se enamoram.
Já nisso diferimos, pois a mim só resta chorar no peito, um amor que acabou.
Mas tu tens o sol para dar-te companhia no mesmo céu que os penduram.
Eu já nada tenho, sou de fato uma um reflexo de solidão. Isso é o que sou.


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A quem siga vivendo de alegria ou agonia... Eu sigo vivendo da minha alegre e agonizante poesia.
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