quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Na varanda

Noite de lua tímida, ouço teus passos a sondar-me. Teu cheiro trazido pelo sussurro do vento inebria-me. Desconcerto-me de vez. Aqui, deitada na rede, olhando o repousar dos pássaros que regressam, ouvindo a mistura boa de sons do campo ao anoitecer, deixo-me entregue aos teus carinhos. Tu seguras minha mão e diz-me do que somos, faz-me toda envergonhada quando a mim desdobra-se em elogios. Nossa rede é nosso refúgio, nela tu me abraças e sorri, assim, de nada, de tudo. Ficamos no silêncio dos olhos, no apego de mãos, no toque dos cabelos. Ficamos no que somos, tão somente, no que somos.

E apontam as estrelas maiores, e de ti ouço que nada é tão maravilhoso que contemplar as noites do mato, deitado na rede ao lado da morena que amas. E a ti digo com meus olhos de paixão, que nada me faz mais feliz do que tê-lo ao meu lado, nestas noites frescas, onde refazemos nosso amor. Olhamos-nos não só com os olhos, pois já não somos dois, e sim um só, entregue um ao outro. Neste instante, tu pedes pra que eu me aquiete, levanta-se, pega o violão encostado no cantinho junto à porta, sorri e toca a nossa canção. Não há como não encantar-se.

- Tu me fazes cantar, confessa-me. -Tu me fazes sorrir, confesso-te. Somos letra e canção. Poesia e prosa. Somos. Ainda somos. Beija-me, beija-me aqui, na nossa rede; na nossa varanda; aos olhos das nossas estrelas e ao testemunho da nossa lua. Temos o céu o como nosso. Temos um ao outro. Já não há como fugir disso tudo. Tu te aproximas e entrelaça tuas mãos as minhas e diz-me do amor que sentes, como um menino, pedindo colo, carinho, sossego e a paz que tanto procuras. Deitamo-nos no aconchego do nosso abraço, no toque suave de nossas bocas, que se cedem aos mais intensos beijos de amor. Encontro-me em ti, assim, na nossa varanda, deitados na rede ao sopro do vento faceiro; ao som das notas tocadas; ao candeio das estrelas e a esse amor que é tão nosso.

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